sexta-feira, 4 de março de 2011


Estávamos caminhando pelo o que parecia ser uma tarde de clima estável e fresco. Nossos dedos entrelaçados, enquanto eu tagarelava sem parar, você como sempre me escutou sem reclamar. Quando fomos rodeados por um manto fino de garoa gelada, não me importei. Meu coração permanecia quente ao seu lado. Era verão, e o cheiro que pairava no ar era de fruta.De súbito, uma chuva de pingos grossos disparou contra nós. Corremos para nos abrigar. E as pancadas iam e vinham. Em certos momentos, mal conseguia escutar meus pensamentos com o barulho do telhado sendo metralhado por pingos tão grosseiros. Um minuto mais tarde, ia se acalmando, e virava música suave. E logo depois, recomeçava a loucura. Parecia que alguém lá em cima estava bastante confuso. Mas eu não estava. Não mesmo. Estava certa de que aquele momento, era um dos melhores que eu viveria. Um dos melhores que eu passaria. Que eu respiraria.E você, alheio de todos meus pensamentos, olhava ao seu redor e pensava no que faríamos agora. Ria da situação, da nossa situação. Eu estava fitando você em todos esses momentos, sem você nem perceber. E quando você finalmente viu que o observava, mirou seus pares de luz em minha direção. Olhamos-nos por alguns segundos, segundos que, para mim, foram como uma eternidade. Pintei seu rosto na minha imaginação. E naquele momento, eu sabia que o teria para sempre comigo. Quando o tempo passar, quando “nós” deixarmos de existir e eu me afogar em mágoas, eu sei que sua imagem, de um momento tão feliz, me atormentará as noites, me sangrará o peito, e será minha auto-destruição.
Porque quando você for embora, e eu sei que um dia você vai, momentos como esse não me deixarão em paz. E este é o problema dos bons momentos. Eles insistem em nos relembrar em como foi bom. Como era….

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